Minha mãe sempre me diz como o mundo era diferente quando estava na adolescência. Ela ficava conversando com os amigos no portão de sua casa sem medo se ser assaltada, andava sozinha à noite nas ruas sem nenhum problema, as janelas de sua casa não tinham grades e os muros e portão não eram tão altos como agora. As pessoas eram mais livres e menos paranóicas, certamente por viverem num mundo menos perigoso.
Com o passar do tempo a violência, que antes era "assunto" de cidade grande, na maioria das vezes, chegou no interior e hoje está em todos os lugares: nas ruas, nos shoppings, nos parques e o pior de tudo nas escolas.
Ao ver a reportagem sobre a chacina ocorrida em Realengo fiquei desapontada e chocada com o mundo, com a sociedade e com a falta de respeito ao próximo. O que leva um homem assassinar várias crianças inocentes? Vingança? Transtornos psicológicos? Talvez mas a grande questão é que isso não ocorreu apenas na escola de Realengo, mas já em outros lugares como no Colorado, Estados Unidos, em 1999, quando dois jovens armados com revolveres e trinta bombas artesanais abriram fogo em seu colégio.
A violência está se tornando normal em nosso cotidiano, nós não estamos nos impressionando mais ao receber noticias de um assalto que ocorreu na vizinhança, "afinal não era comigo o problema, não é mesmo?". Ou ainda, ao saber pela televisão sobre um crime hediondo. Mas até quando vamos continuar pensando dessa maneira e agindo como se o problema não nos envolvesse?
Muitas vezes agredimos verbalmente uma pessoa por estarmos estressados com o cotidiano ou discriminamos alguém por determinada atitude ou posição social e não percebemos que a violência não acontece de uma hora para outra e que não há apenas um culpado, mas sim um grupo de fatores que induzem este individuo cometer tal ato, tais com o meio em que vive, o ambiente familiar a impunidade e o desinteresse dos governantes sobre o seu povo.
